quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Kafka, Blackadder e Genitais


Bordoejando uma pélvica badalada com uma qualquer alcoolizada badocha, dei por mim numa corrente de pensamentos que me desconcentraram da sublime prestação a que acostumo as fulanas que aceitam jogar Twister horizontal comigo.


Aborrecido de meia noite com aquela actividade que nunca deveria ter ocorrido, lembrei-me que a algum momento teria de chegar aquela frase - de utilidade semelhante à de tapar a boca num bocejo no deserto - que, como que mensageiro Kevin Costneriano numa púbica batalha de qualidade semelhante à do filme a que me refiro, surge aquando do (por vezes não tão) magnífico êxtase final. Falo, naturalmente, do "tou-ma vir"


Durante essa breve cogitação tive uma espécie de uma epifania, para adicionar ao pifo com que estava a ficar do bafo a Vilarinho que a minha companheira insistia em soprar na minha direcção, e que consistia basicamente no seguinte: é estou-me a vir ou estou a vir-me?


Bem sei que a pergunta parece básica, uma vez que estamos habituados a ouvir a primeira opção, mais não seja naquelas longas noites de Inverno em que nada mais temos a não ser a perna em cima da mão para aquecer, e um reles filme brasileiro que refere a palavra gostoso mais ou menos o mesmo número de vezes que aquele gajo dos Tachos na Roça.


Porém, como é que poderemos ter a certeza de que as palavras que pronunciamos não são um mero papaguear desse dialecto aportuguesado que é gemido nos filmes a que me refiro? Esta questão revela-se da maior importância, uma vez que qualquer deslize poderá denunciar o gosto (constantemente omitido do sexo oposto) que todo o homem tem pelo subentendido género cinematográfico.


É certo que a pornografia mais recente do Brasil - para aqueles de vós que se contentam com qualquer coisinha - utiliza o verbo gozar. Mas eu não sou desses, especialmente porque gozar soa-me a gozar férias e gozar férias implica necessariamente trabalho, coisa à qual manifesto a mais profunda aversão. Refiro-me ao verdadeiro vintage brasileiro pré-alexandre-frotesco. Aquele que era filmado no tempo em que Lula da Silva era o nome típico dos seus avantajados actores principais.


É de realçar que os pensamentos que partilho convosco agora me estavam todos a passar pela cabeça aquando do genitálico biribambear potencialmente épico que me ocupava na altura.

E foi então que me surgiu na mente (sim, estou deliberadamente a evitar usar o verbo vir) uma célebre frase do Blackadder adaptada: "this is like a broken pencil... pointless". Ora, para aqueles de vós que conhecem o Blackadder, representado pelo Rowan Atkinson (vulgo, Mr. Bean), sabem que não é uma imagem agradável para se ter durante o arrebimbómalho.


Esforcei-me por dirigir os meus pensamentos para outra pessoa que não fosse um bicho, mas depois lembrei-me da Metamorfose do Kafka e do bicho que lá é descrito, o que não ajudou. Depois não consegui parar de pensar no Kafka e no absurdo, então levantei-me e saí janela fora.

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